Saturday, April 03, 2010

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Tuesday, September 04, 2007

Ultra Soul

Revelou-se
na luz que ofuscou o corpo.

Entre tragos e palavras

Qualquer lado me liberta;
a parede daqui, a de lá.
Que muro é este que não há,
se não a passagem indiscreta?

O que me cerca é indivisível.
É um todo que parte de encontro
ao riso vivo e solto,
à solidão morta e redutível.

Quem eu sem tal momento,
preso ao cercado inofensível
feito da virtude de um rosto amigo?

A poesia da vida a se concentrar
no momento em que o tempo está parado.
Na nostalgia que brinda o presente passado,
na biografia que foi, é e será(?)

A mesa escuta tudo:
Meu amor e suas pulsadas,
meu humor e suas risadas.

Entre tragos e palavras,
a existência ganha sentido
"Não há partes se não partido,
não há parede, nem cerco, nem nada".

Friday, September 22, 2006

Amor - a tradução

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Rosa-dos-ventos

Quando a mim vier o desencanto
De a peste ver ao mundo santo,
Como em toca ficarei fugido.
Tal qual num rústico esconderijo
Tangenciando os outros três cantos.

Posto que este mundo não vigio
Tampouco em cruz e credo me finjo.
Sinto o olho interno em pranto,
Já os homens em delírio estando
No mundo santo, escuro e fingido.

Dividem-se então os quatro cantos.
Oeste, leste, planeta umbigo,
Sul, norte, hemisférios divididos.

Num mundo redondo existem cantos?

O Novo

“O calejar dos pés...
...Viagem, bagagem.
Um lago logo após a longa estrada”.

O galo anunciou.
Os ponteiros travam.
Travam o lápis e a grafite
No clarear da aurora nova.

Um novo amor
É um amor novo,
É vôo de ex-larva.

A novidade veio calada, quieta.
Conseguinte, na nova idade,
Veio o pombo lerdo,
De asas curtas em vôo preso.

Trouxe-me um novo amor.
Trouxe-me o correio,
Um novo amor
E não um amor novo.

De novo eu, um menino.
“Na travessia do rio à outra margem.
Tanto faz,
A água continua fluente”.

E é insistente a tal vida.
Ou eu quem sou desistente?
Mas a cada soco me multiplico
E faço a mala para a viagem.

Já é tarde.
Imagens foscas, neblina,
E penumbra no crepúsculo ainda.

É o ponteiro parado.
É o novo amor,
Velho,
O velho amor.

E o calejar dos pés...
...Viagem, bagagem.
Um lago logo após a longa estrada.

Doze rosas e uma carta

A carta.
Vejo-a em tua mão.
Se o jogo é teu,
O que terei em mãos?

Nem sequer o coringa,
Nem sequer a manilha.
Se tens o jogo,
Terei o que, nas mãos?

Nem as doze rosas sem cor.
Talvez o cheiro sem sabor.
Eu sou cravo de canteiro,
O dia inteiro em anseio à flor.

Antes do mal me vir,
Não exalei maldade.
Um singelo coração
Conhece a verdade,

Enquanto o mundo nem sequer,
Quer amor e compreensão.
“Enquanto as cartas deste jogo
Estão em suas mãos”.

Terei o que
Além do mais?
Do jasmim, as pétalas,
E lírios de cristais.

Bem me quer, mal me quer.
Manilha, espada, coração.
Os naipes do jogo,
Que em mim agora se faz.

A carta,
Ainda a vejo em tua mão!
A manilha, espada – coração.

Saturday, September 09, 2006

Meus calcanhares doem

Meus calcanhares doem.
Na trilha das pedras, ao sol ardente,
Bolhas na sola incomodam-me.

Os calcanhares doem.

Vinte anos na mesma rota.
E os atalhos, as ruas paralelas;
Esqueci-me de usá-las.

A mesmice do caminho,
Os mesmos tijolos, a mesma calçada,
E o mesmo poste em que mijo.

Minhas costas doem,
Meus calcanhares doem.
Acho que começarei a andar com o dedão.

Saudoso

O trem agora parte.
Na plataforma, o homem novo
Lastima por saudoso
O nó perfeito a desdar-se.

Por quanto tempo a saudade,
Que de cultivo o homem trará,
Que por si, duras penas durará,
Fará cismar o rosto da metade?

Na estação de cá pra lá,
O homem acena adeus a outrem
E do amor fazendo seu estandarte.

Esperançoso, põe-se a contemplar
O amor que vai, o amor que vem
E o trem que partiu, levando a parte.

Friday, September 08, 2006

Unidade

Quanto de mim permanecerá aqui
ao chegar a próxima esquina ?

Quanto da esquina ficará ali (ou lá)
quando o mim chegar a permanecer ?

Talvez me defina daqui um tempo
E aí,
Após passar algumas quadras
O eu será meu por inteiro.

Parte

O sono bate à porta.
Pois o dia, não há dia mais.
Entre!
Pois os olhos já se cansaram demais,
As narinas, dolentes demais.

Entre, mas não pese.
Venha leve, coloque-me onde quiser.
Num plano pleno, ameno pelo menos.
Pois um peito tossiu demais,
A poeira que não satisfez
O coração que não se satisfaz.

O sono bate à porta,
À porta dos fundos da minha casa.

Durma-me agora,
Que o intervalo é fugaz,
E daqui horas, o mesmo será mais...

Minha falta de unidade,
A conquista dos heróis gloriosos,
A minha feiúra e a dos demais.

Agora, as pálpebras se cansam,
Enquanto a mão escreve pra trás
Um poema que não satisfez
Um coração que me satisfaz.

Os peixes do aquário

No meu aquário há peixes.
Mas por que tenho um aquário?
Para que um aquário?
Um mar é maior que uma caixa vítrea.

Que causa tem o sustento da hierarquia?
A de negar minha frustração de peixe?
No meu aquário há peixes
E sou dono apenas do aquário.

Você já viu peixes com asas?
Eu já. Num sonho louco, apenas num sonho louco.
E louco é o sonho, eu não o sou.
Talvez o seja frente à normalidade dos peixes,
Dos peixes do aquário que não são loucos.

Porque se fossem, voariam.
E beijariam flores, fiariam ninho.
Seriam a antítese dos peixes reais.
Nos seus respectivos surtos,
Na loucura do seu mundo utópico, fantástico e fantasiado,
Enfim, loucos, voariam.

Mas dentro da caixa de vidro não há insanidade.
Os peixes do aquário não voam porque não são loucos,
Não voam porque não têm sonhos loucos,
Não voam! Porque não têm asas!

Alguma coisa

Tenho em mãos a caneta.
E daí?
Nas mãos está a mente?
- Não!

Mas tenho também a mente,
Então caneta e mente
Irão ao papel presente
Alguma coisa escrever.

Seja um tema de amor,
Seja um tema de ódio.
Na liberdade da poesia,
Assim quero me ver.

Num canto de versos alados;
Eu amo, eu desamo,
Me entristeço, me engano.
Crio um mundo de querer.

Eu, idem a todos vocês.
Desculpem!
Eu, apenas eu.
Vocês, apenas vocês.

Cada tema, uma história
Em cada história, personagens.
Prólogo, epílogo -
Quem narra decide-os.

Portanto, no papel presente,
Com caneta e mente,
Escreva a vida.
Vida,
um tema livre.